sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

As fotos deste almoço, realizado em Lisboa, num domingo, dia 19 de Dezembro de 2010, num local que conheço à distância há décadas e que só agora vi por dentro - a antiga Praça de Touros, no Campo Pequeno, actualmente um centro comercial - revestem-se de um significado muito especial para mim. Primeiro, porque aproximou-me dessa cidade que amo tanto e da qual me tenho afastado cada vez mais, devido à minha vida profissional que me prende ao Alentejo (que muito amo também). Depois, porque me permitiu usufruir da alegre companhia de pessoas que partilham comigo esta crescente paixão pela pintura.
Mas estas fotos têm para mim um significado adicional: poderiam ser o último registo da minha passagem por este mundo. Pode parecer lúgubre esta observação, mas não consigo deixar de ver nelas um quase fantasmagórico reflexo de um eu que ficou na véspera daquele dia terrível. Porque quando se toca tão de perto na morte como eu toquei, uma parte de nós acaba por morrer sempre, mesmo que isso implique um novo renascer, nalgum outro nível, mas nunca mais se torna ao mesmo.
Na manhã do dia 20 de Dezembro, a caminho do Alentejo, na IC1, miraculosamente sobrevivi ao encontro frontal com um enorme camião que ainda tranformou o meu carro numa objecto imprestável, mas me deixou apenas bastante ferida numa perna. Isso graças à asa de um anjo que me desviou para a berma da estrada, numa ínfima fracção de segundos.

Sem comentários:

Enviar um comentário